Quando ele chegou achei que a minha vida seria poesia. Sorrisos, olhares, "mais um drink, por favor, garçom!". Em poucas horas naquele balcão de bar ele me fez viajar por tantos lugares e histórias que em poucas palavras eu não poderia descrever.
Não demorou para me encontrar naquele velho dilema machista: "Se transar com ele na primeira noite vai me achar uma puta?". Decidi me deixar levar, me deixar envolver.
"No meu apartamento ou no seu?". Mulher decidida, que sabe o que quer. Falei sem rodeios, mas sem deixar de ser feminina. "No seu."
A saidera, um táxi, vinte minutos, cadê a chave? Não repara a bagunça...
Mais alguns drinks, coisa barata que dá barato. O importante era a sequência. E que sequência. Que noite, que homem!
Manhã, bafo, banho. Talvez um pouco de ressaca, mas quem se importa. Companhia para o café da manhã é sempre bom. Mais palavras e sorrisos. "Posso te ver hoje a noite?". Um sonho!
Quem consegue trabalhar depois de tudo isso? O computador fica te olhando e você olhando para ele. O olhar nada vê a não ser boas lembranças.
Chega a Copa do Mundo, mas não 19 horas. Depois do trânsito, banho. Devo fazer o jantar? Me perguntei. Não tínhamos combinado muito bem o que seria.
Às 21 horas ele chegou. Tão cheiroso e sorridente quanto na noite anterior. Mais uma noite maravilhosa e até melhor que a primeira. Desta vez ele não comentou quando iria querer me ver novamente. Poxa, quinta-feira e nada de convite para o fim de semana?
Foram três dias de agonia e ansiedade olhando o número dele no celular. Devo ligar? Ele vai me achar grudenta? O que será que ele está fazendo?
Quando a segunda-feira chegou eu já estava deprimida, quase ao som de Maísa. No meio da tarde ele me liga: "Quero te ver!". Homens. São todos iguais! Perguntei como foi o fim de semana e ele desconversou. Isso não era um bom sinal.
A noite novamente ele foi no meu apartamento. Foi logo me querendo, dessa vez hesitei. Tá pensando que eu sou o que? Uma qualquer?
"Tenho namorada".
Novamente Maísa em meus ouvidos, meu mundo caiu. Sexo sem amor não quer dizer que precisa sem respeito. Eu seria a outra? A de segunda a sexta? Não topei. "Até mais, a gente se fala qualquer dia", disse cheia de orgulho. Assim ele se foi.
Sorrisos, olhares, "mais um drink por favor garçom!", mais uma noite em uma mesa de bar...